Páginas

domingo, 14 de julho de 2013

Ratos Mortos

    

    Alice chegou ao portão se sua casa, já era tarde da noite, tinha se atrasado com os trabalhos no escritório. Olhou para a casa do seu novo vizinho e não avistou ninguém, subiu a escada distraída enquanto procurava as chaves em sua bolsa e assustou-se ao ver que Genevive sua filha de 15 anos estava sentada na área.
    - Credo! – espantou-se – O que esta fazendo aqui fora?
    - A casa esta infesta de ratos! – responde a garota.
    - Ratos?
    - Sim! Ratos mortos!
    Mãe e filha entraram na casa e de fato haviam muitos roedores ensanguentados lá, os vidros das janelas estavam quebrados, indicando que alguém tinha jogado-os ali.
    - Vândalos! – afirmou Alice.
    O teto rangeu, elas entreolharam-se, uma sombra fantasmagórica projetou-se nas cortinas.
    - Tem alguém lá! – Genevive apontou para cima.
    Alice aproximou-se da janela que se estourou, braços fortes envolveram-na, ela gritou, não tinha forças para se soltar e em fração de segundos foi arremessada para fora como um trapo.
    Genevive sem reação apenas observou a mãe ser devorada por algo que aparentava ser um animal. A menina apavorada correu pelos cômodos da casa, à procura de algo com que pudesse se defender.
    O que antes era uma figura monstruosa, depois de alimentada, aparentava feições humanas.
    A menina logo compreendeu do que se tratava, lembrou-se que em algum dos balcões da cozinha, sua avó havia guardado água benta, foi até lá procurar e viu um homem parado na janela.
    - Olá garotinha. - ele cumprimentou gentilmente.
    - Você não pode entrar se não for convidado! – afirmou Genevive.
    - Então sua vadia, farei com que saia!
    - O que vai fazer?- questiona ela assustada.
    - Bom, enquanto sua mãe estava fora e você distraia-se com a internet, eu espalhei gasolina por sobre toda a sua casa, isso não faz muito tempo, então ainda não esta seca. A propósito, quando você foi ao mercado eu joguei os ratos ai. Não lhe ataquei antes porque queria me divertir.
    O vampiro deu alguns passos e tirou do bolso uma caixa de palitos de fósforo, riscou vários ao mesmo tempo e arremessou-os contra a casa. O fogo se espalhou rapidamente, Genevive estava desorientada pela fumaça e acabou caindo sobre uma mesa de vidro com pernas de madeira, levantou-se ensanguentada, havia um caco de vidro cravado em sua barriga, sem saber o porquê apanhou uma das pernas da mesa e saiu da casa em chamas.
    No fundo do terreno havia um alçapão que levava ao porão, a menina tentou correr até lá, mas foi alcançada, ele agarrou-a e cravou os dentes em seu pescoço, a menina arregalou os olhos, estava em um transe profundo, olhou para sua mão direita e viu que o pedaço de madeira que segurava estava com a ponta quebrada no formato de estaca.
    Genevive não pensou duas vezes, juntou todas as forças que ainda tinha e cravou a estaca no peito do belo homem, onde ela tinha certeza que ficava o coração.
    O vampiro gemeu e jogou-a contra o chão, seus olhos ardiam em fúria, tortuosamente ele andou até ela, segurou a cabeça de Genevive firme entre as mãos e em um golpe rápido quebrou o pescoço da menina.
    - Espero que sofra tanto quanto eu sofri- sussurra o homem pouco antes de explodir em cinzas.
    Horas depois o dia já raiva, Genevive acordou sentindo sua pele arder estava queimando aos poucos, mas a dor que sentia por dentro era pior, algo transpassava entre seus ossos e dilatava seus músculos, contorcia-se de dor, algo se desenvolvia em seu interior.

    Percebeu que se continua-se ali exposta ao sol poderia morrer, rastejou até o alçapão e com muito sofrimento conseguiu abri-lo, já estava em carne viva, ficou tonta e caiu no porão, a dor aos poucos cessara, sua pele voltava ao normal, sentia-se mais bela, mais forte, corajosa e muito, muito faminta, o único problema é que teria de esperar a noite cair para pode sair e até quem sabe “atacar”.

Sozinha

  A noite anterior havia sido tão fria que quase toda a manhã seguinte tinha sido coberta pela neblina, era complicado ver através dela, só se podia ouvir. Donna estava sozinha em sua casa que ficava perto de uma colina e a poucos metros de um rio. Seu cão latia desesperadamente, mas ela estava com muita preguiça para ir até lá fora, olhou para o relógio e viu que era muito cedo, afundou-se na entre os cobertores, fechou os olhos e tentou dormir novamente. A casa tinha dois pisos e o seu quarto ficava no superior, era toda de madeira e tinha grandes janelas de vidro. Ela acordou de súbito ao ouvir um rangido vindo do assoalho ela sentou-se no meio da cama e encolheu as pernas, bocejou e fechou os olhos, sentiu o cobertor deslizar para fora da cama, abriu os olhos e foi arremessada contra a parede, bateu a cabeça na porta retrato que caiu sobre seu corpo espalhando cacos de vidro por toda a cama, olhou em volta muito assustada e viu o cobertor parado ao ar como se houvesse algo sob ele, engatinhou para poder toca-lo ele despencou derrubando-a.
  Contorceu-se de dor e ao virar-se viu algo se arrastando por debaixo da cama, levantou rapidamente e foi andando de costas para trás sentiu algo tocar sua cabeça decidiu-se verificar com as mãos, sem olhar, logo percebeu que eram pés. Gritou extremamente apavorada, ficou contra uma das janelas e assistiu uma cena perturbadora: havia uma garota em seu quarto, não sabia se aquilo era real estava sozinha e não fazia sentido aquela garota estar enforcada bem ali no meio de seu quarto.
  Lembrou-se dos boatos sobre a casa que tinha ouvido durante uma visita a igreja: Uma jovem garota vivia ali sozinha, os pais haviam a abandonado, ela envolvia-se com más companhias, praticava bruxaria e adorava o diabo, certo dia os moradores locais invadiram o local e a enforcaram no sótão. Antes de morrer ela prometeu vingar-se e a cada 13 anos levaria uma jovem virgem.
  Donna só estava ali para cuidar a casa dos tios por isso não acreditou na lenda e agora estava plenamente arrependida.
  Seu cachorro grunhiu as correntes arrebentaram-se e ele foi jogado para o lado interior da casa atravessando a janela onde Donna encostava-se. Ela se abaixou cobrindo a cabeça, os estilhaços do vidro perfuraram suas costas, o vento frio pairou sobre suas costas, ela ergueu-se côncava e foi em direção a sacada, resvalou no carvalho que se derretia e de lá caiu. O ar esvaiu quente de seus pulmões, uma lágrima escorreu do seu olho esquerdo, não conseguia se mover e sentiu que algo a arrastava para o rio, não detém o choro e logo começou a implorar. Novamente estava cercada pelo fantasma da garota enforcada que sussurrava entre gaguejos: Donna, Do-nna, v-o-c-ê é apenas uma prévia!
  Sangue jorrou nos pedregulhos antes de Donna no rio se afogar, a garota nunca mais foi encontrada, mas pela casa mensagens escritas com o seu sangue foram deixadas.

  Ela foi a primeira, mas não será a última.